terça-feira, 5 de julho de 2011

Pitágoras...continuação.



O Erro Triunfante
A LUTA DE PITÁGORAS CONTRA A MENTALIDADE PAGÃ
SEUS ESFORÇOS PARA A RECONSTITUIÇÃO DA PROTO-SÍNTESE

Saint-Yves D'Alveydre

Bereshith, c. VI, vers. 1, 2, 3, 4.

1. "Tendo-se pervertido a Igreja do patriarca Adão, em razão da multiplicação das raças e da sua mistura, sobre a face visível (PhaNa-I) da Terra espiritual (ADa-MaH), resultando na formação de numerosas confrarias de virgens. 2. "Os filhos dos Alhim celestiais amaram estas filhas de Adão. Tomaram-nas por esposas espirituais, por inspiradas, por Nashim, aquelas cujo amor os tinha cativado mais em espírito: (B'HaROu, inversão de BaROu-aH). 3. "Porque os Nephilim* existiram sucessivamente sobre a Terra astral desses Ya-Mim, Épocas e Ondas luminosas do Yá. Com efeito, desde que os filhos dos Alhim tinham freqüentado as confrarias virginais da Igreja de Adão, a aliança ghiborea, a grã Boreal havia nascido desta inspiração e havia fundado, desde a mais remota Antigüidade, o Anosh-yá, a corporação masculina do Yá, o Estado-Maior sagrado de Ha-Shem, do Shema celestial da glória divina." Eis a antiga aliança chamada hoje em dia ariana, fundada por uma reação das virgens inspiradas contra a decadência universal. Pitágoras não esquecerá, como chefe de Ordens, de agradecer ao verdadeiro feminismo toda a sua Missão, toda a sua parte legítima de influência.
Além da aliança citada, porém muitos séculos depois, temos que mencionar a aliança que data do patriarca Koush antes da Revolução Nemródica. As metrópoles orientais, cujos Sacros Colégios tinham como correspondentes todos os outros centros mais ou menos aderidos à Antiga Ordem, eram: a capital de Jana-Cadesha;Mithilâ, para a seção das ciências divinas e humanas chamadas Purânicas, ou Humanidades Santas, e Kashi, para a seção das ciências chamadas positivas ou iyóticas, porque a Astronomia, levada até a fisiologia cósmica, era considerada a síntese dessas ciências.

São dessas épocas históricas que datam, muito antes de Moisés, as relações sacerdotais da Índia com o Oriente e o Extremo Oriente, de uma parte, e o Norte da Ásia e a Europa, incluindo Grécia e Itália, de outra. E por último, com Egito e Etiópia. Foi de Kashi, hoje em dia Benares, que veio o Colégio dos Kashidim do Tr.: Anjos caídos. (literalmente, dado por Kashi), os caldeus. Era aí também que os magos do velho Irã iam terminar seus Altos Estudos Iyóticos. Mas, depois do primeiro Zoroastro e da reputação do culto dos Devas, que considerava como oponente a velha Ortodoxia, abstiveram-se de Mithilâ, o Grande Colégio Purânico freqüentado pelos sacerdotes egípcios, cólquidos, délficos e outros.
Pitágoras era, pois, um religioso, um piedoso peregrino da Unidade e da Universidade Patriarcal, um fiel de sua dupla revelação e de seu duplo critério, que estudaremos mais adiante: a vida e a ciência. A vida, vida eterna, porque sem ela o Thanatismo, que é a finalidade de todo ser, seria o Princípio da vida, o que é absurdo. A ciência, não a do homem, mas aquela que antes dele já estava escrita, com todos os seus feitos, desde o infinitamente grande até o infinitamente pequeno. A biologia do Universo invisível e a fisiologia do Universo visível.
À parte disso, escutemos por intermédio dos seus discípulos, e eles nos dirão se os critérios da verdade são objetivos ou subjetivos, reais ou metafísicos, vivos ou .mortos, universais ou singulares.
"A razão humana não tem, por si mesma, mais do que um valor de conjetura. A ciência e a sabedoria pertencem somente à Divindade e nós só temos a capacidade de obter esse conhecimento de acordo com o nosso grau de receptividade." Essas palavras, a que nos refere Proclo, exalam cheiro de incenso, aos altares do Verbo, seu Cristianismo Uno e Universal, sua Revelação descontínua desde os primeiros patriarcas até os de nosso tempo.

Comecemos pelos altares do Verbo.
É historicamente certo que Pitágoras reconstituiu, graças ã documentação dos templos, um dos livros de Orfeu: O Verbo hierático. Dedicou-o à memória desse profeta eslavo, renovador da Grécia e da Itália patriarcais. Com certeza, os sacerdotes egípcios conservavam, com o nome de Thoth, livros provenientes da proto-síntese pré-diluviana do Verbo, e, debaixo do livro de Thoth, os da Deuto-sínteses pósdiluviana. Não temos dúvidas de que o fundamento desses livros era comum às Universidades religiosas da Europa, da África, da Ásia e inclusive da América, até a revolução política e filosófica que, em 3100 antes da Encarnação, quebrou esta Santa aliança e a obrigou a ser ocultada. É indiscutível que entre os títulos miriônimos do Verbo, disseminados entre essas duas sínteses, figura desde toda a Antigüidade seu nome direto e invertido; em etíope ShOu-I, em zenda IOSh, em caldeu IShO, em veda IshVa, em sànscrito ISOua, em chinês ShOuI e SOul. É o IeShU, Rei dos patriarcas de nossas liturgias. Esse mesmo nome era o de Moisés, escrito tal como o do Infante Thermouthis, que foi: M'OShI, dedicado a OShI. Os Qabbalistas têm toda a razão, quando dizem por hábito de tradição: o nome de Deus está dentro do de Moisés; porém eles não podem apresentar as provas disso: elas estão no que precede.
Nós teremos que voltar detalhadamente sobre todos esses pontos; porém o que notamos aqui demonstra que o ponto de apoio tomado por Pitágoras sobre o Verbo nos Templos de Europa e da Ásia é religioso e não filosófico. Pertence à revelação universal una e contínua da Igreja e das Igrejas Patriarcais. Dessa forma, Pitágoras não pôde deixar de repudiar o Paganismo lônico, seu politeísmo ateu, sua anarquia mental, suas políticas anti-sociais. E nisso não fez mais que seguir as pegadas de Numa e de Xenófanes no Ocidente, de Lao-Tsé na China, de Daniel na Caldéia, de Zaratas na Pérsia. Muito mais ainda, o próprio Invisível o teria enviado. Seus biógrafos, gregos e alexandrinos, dizem efetivamente que recebeu a graça de sua primeira teofania ou sua vocação em Creta, pelo ano de 550 ou 553. Tinha então alcançado e até ultrapassado seu trigésimo ano. Estava assim em uma das condições ritualísticas impostas pelas Igrejas Patriarcais ao segundo nascimento, o espiritual, para a abertura dos sentidos fisiológicos na biologia divina, a entrada, pela Porta da Morte, para sua experiência da imortalidade.
Levando o Verbo Encarnado ao cumprimento total de sua própria lei, como Verbo Criador, observou esse rito no seu retiro no deserto. Foi assim que Pitágoras teria visto o céu e o Inferno pela primeira vez, e, nos círculos mais espantosos deste último, os dois corifeus do Paganismo, os dois magos do Jonismo mediterrâneo: Hesíodo e Homero, cujos admiráveis cantos haviam deleitado sua elegante juventude na casa do seu pai, o rico banqueiro de Samos. Desolado, não ousava acreditar no que seus olhos viam, olhava para esses espíritos vítimas do Espírito das Trevas, da turba dos Demônios, da sua luz preta e vermelha. "Por quê?", gritou-lhes. E eles lhe responderam: "Oh! Por ter maculado a deuses e homens; aos deuses, por haver-lhes dado como Mestre o Ateísmo, caluniando-os, mostrando que são corruptos como nós homens; e aos homens, divinizando seus vícios".

Eis pois uma antinomia perfeitamente resolvida cortada pela raiz pelo espírito de primeira linha de Pitágoras. De um lado, o profeta Orfeu e o Verbo Divino cuja santidade é ocultada na sua majestade celestial; de outro lado, a tagarelice humana nua e crua, notoriamente de sua arte emprestada à arte sagrada do panteísmo, em que tudo é Deus, com exceção do próprio Deus, de seu teosofismo, no qual tudo é divinamente verdadeiro, com exceção da verdade, e de Amath, o Selo do Verbo eterno, e d'Ele mesmo.
O Orfismo, mil anos antes de Pitágoras, havia sido na Europa um dos máximos esforços da aliança Templária contra a invasão da revolução asiática, de seus retóricos, de seus sofistas, de seus exploradores, de seus políticos suplantadores e escravistas.
Na época de Moisés e de Orfeu, a Creta das cem cidades tinha sido reafiliada à Santa aliança dos Templos de Manu e de Menes. Os curetes eram uma missão sacerdotal dos Kouros celebrados nos poemas hindus. A Minoa de Minos22 os tinha visto renovar um dos nós górdios,23 símbolos do Orço24 e do Orcus órfico, do 22 Minos (gr.): Antigo rei de Creta. Grande Juiz do Hades. 23 Nós górdios: Referem-se ao chamado nó górdio. Conta-se que o nó prendia o jugo dos bois com a lança da carroça doada ao Templo de Júpiter por Mídia, filho de Górdio, em reconhecimento à nomeação deste ao trono da cidade de Frígia, que os tinha feito com tal destreza que não se podia distinguir nenhuma das pontas da corda. Conta ainda a história que quando Górdio era lavrador e possuía somente duas juntas de bois como bens. uma ele usava para puxar o arado, e a outra para puxar a carroça. Um dia. quando eslava arando, uma águia pousou sobre o jugo dos bois, e ficou ali até o início da noite. Górdio. admirado de semelhante prodígio, foi consultar os oráculos e adivinhos da região, entre eles uma virgem donzela que linha fama de fazer oráculos certeiros, a qual o aconselhou afazer um sacrifício a juramento de aliança com Deus. A filosofia e as políticas cortaram facilmente estes nós sagrados, para desgraça dos povos; somente a religião poderia refazer a sua paz. Estes nomes - Mínoa, Minos, Menes, Manu - significam, na língua do Bereshith: Na-NoaH, a regra, a ortodoxia de Noé. Durante este tempo, o O-Rifeo, o Ribhou dos Vedantas, o filho dos reis Sármatas daTrácia, Orfeu, renovava o mesmo prazo no santuário eslavo e pelasgo de Delfos. É a Daliph egípcia, a Daliph sânscrita. Em devanagárico,25 Dalapha ou Dalapa expressa um desses lugares santos, neutralizados, e também um desses tesouros sagrados da aliança. A mesma observação para Dodona,* uma das Dyomnas do Danu védico e dos Dodonim de Moisés.
A Grande Soberania Noaquídes, renovando o Adâmica, semeou de Dalaphas semelhantes a sua marcha sacerdotal de um extremo a outro do planeta. Na Europa, existiam siríngos26 desse gênero do Cáucaso até os Pireneus, e o catálogo dessas bibliotecas subterrâneas era propriedade dos soberanos pontífices metropolitanos. A Cólquida também teve sua Dalapha, que motivou a expedição órfica dos Argonautas.27 Este último nome designa uma das antigas épocas da aliança chamada Arga ou Arka. Seu conselho de vigilância era chamado de Argus, o cachorro de Pan, de Phanés e do Grande Pan.

Orfeu havia sido encarregado de ser, na Europa, o renovador da Anfictionia celto-eslavo e pelasga, cuja data vem de Krishna no que concerne ao culto dos Deuses, dos Devas, dos Alhim, fruto pagão da revolução das burguesias asiáticas. Atrás desse neoconcordato, havia-se salvaguardado a antiga ortodoxia dos OSI-oï, da qual os pontífices de Delfos conservaram, porém, o Santo Nome. Havia assim mesmo ligado a paz sagrada - na Cólquida, na Grécia; na Táurida, na Itália; e até na Gália, na Espanha - aos invasores revolucionários, contidos de século em século sobre a Europa pela represa oriental dos magos e depois pelos reis da Pérsia. Seus ensinamentos, registrados na língua deva e depois na dórica sobre placas de cobre, eram, em cada cidade central, guardados por famílias nativas que, até mesmo em Atenas, desfrutavam ainda de grandes prerrogativas no tempo de Pitágoras. Com maior razão, esses costumes subsistiam ainda na Grécia e na Itália.
A obra destruída de Orfeu foi, como já dissemos, reconstituída por Pitágoras, o qual, para selar melhor sua imparcialidade de pensamento, a submissão de sua Júpiter, o que ele fez. e ainda tomou a donzela por esposa. Por outro lado, os frígios, que precisavam então de um rei, tiveram um oráculo de que deveriam eleger aquele que entrasse primeiro para fazer uma oferenda no Templo de Júpiter no início de uma primeira Lua Crescente. Górdio foi o primeiro a entrar no Templo e, assim, foi eleito rei.
A história conta ainda que Júpiter prometeu o império da Ásia a quem desatasse o nó de Górdio. Muitos tentaram sem sucesso, entre eles Alexandre Magno, mas este. percebendo a dificuldade, decidiu cortá-lo com a espada, ganhando o império da Ásia.
24 Orço (Orcus); 0 inferno ou mundo inferior; é também um sobrenome de Plutão. deus das regiões infernais. O abismo sem fundo, segundo o Codex dos nazarenos.
25 Devanagárico: Antigo dialeto das primeiras raças da India; 26 Siríngos: Exprime a idéia de flauta, tubo.
27 Argonautas: Príncipes gregos que, sob o comando de Jasão, embarcaram na nave Argo para ir a Cólquida
conquistar o Velocino de Ouro. Entre os principais, temos: Anfiarau, Casior, Corono, Euriâamas, Hércules, Ifidamo,
Melampo, Orfeu, Pólux, Télamon, Teseu, Testor, etc.
própria razão suprema, desprezando colher os louros fáceis dos jônicos, não escreveu nem destruiu suas próprias obras para não confiar na essência delas mais que à memória de seus adeptos. Esse desprezo por toda a sua doutrina, de todos os sucessos individuais, junto com muitos outros sinais, faz de Pitágoras um grego sem igual; aproxima-o tanto dos sacerdotes patriarcais quanto o afasta dos filósofos. Essa forma de compreendê-lo é a verdadeira, a cristã, a que temos desenvolvido em nossa primeira Missão.

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